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TEMAS MÉDICOS
Transtorno de personalidade borderline
On 04 Jun, 2024

O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por um padrão de instabilidade nas relações interpessoais, da autoimagem, do humor e tendência à impulsividade. Os sintomas costumam iniciar na adolescência e no começo da vida adulta e interferem na qualidade de vida da pessoa em vários contextos.
A disfunção emocional é comum e se expressa por reações de raiva exacerbadas, sensibilidade extrema às mudanças e sensação de abandono constante. Acessos de raiva e dificuldade em controlá-la, resultando em explosões verbais e emocionais acontecem. Brigas físicas podem ser recorrentes também. Após as explosões, a pessoa costuma ter grande sentimento de culpa, o que intensifica mais o ciclo de sofrimento.
Sentimento de desvalorização constante. A pessoa se sente constantemente desvalorizada e pouco amada pelas pessoas ao seu redor. Por mais que essa desvalorização seja imaginada, há uma sensação de abandono constante e perturbadora, onde o paciente tende a realizar esforços desmedidos para que não seja ou não se sinta abandonado(a). Por exemplo, uma fala ou simples gesto pode ser interpretado como insuficiência de amor, como menosprezo, rejeição ou alguma forma de abandono. Desconfiança em excesso, ciúmes extremo mesmo sem indícios de traição nesses casos são comuns. Também há tendência a achar que os outros estão sempre contra ele(a), falando mal pelas costas e esses sintomas.
Padrão de relacionamentos costumam ser intensos e instáveis, caracterizado por uma alternância entre os extremos de idealização e de desvalorização. Uma hora o parceiro(a) é considerado uma pessoa perfeita. Dali pouco tempo, após alguma situação ou gesto, o mesmo pode se tornar a pior pessoa do mundo. Uma hora ama e dentro de poucos minutos passa a odiar. Esse padrão resulta em dificuldade de ter um relacionamento estável e tranquilo.
Comum os pacientes com TPB se envolverem em relacionamentos abusivos, e também é comum que a manipulação emocional seja feita pelo próprio paciente.
Esforços desesperados são feitos para evitar abandono, seja ele real ou imaginado e também há uma dificuldade extrema em lidar com frustrações, separações e términos. Ao se sentirem abandonados, pessoas com TPB podem ameaçar suicídio e/ou praticar automutilação. Além disso, é comum comportamento ou ameaças suicidas e comportamento automutilante no histórico desses pacientes. É comum os pacientes ameaçarem suicídio, e 10% desses chegam a cometê-lo.
Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas, como gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar entre outros.
Sentimentos de vazio crônico, que geralmente são descritos como a causa de automutilação e/ou de comportamentos de impulsividade.
Instabilidade e alterações da autoimagem. Pacientes também podem mudar de forma abrupta e radical sua imagem, como roupas e cabelo e até mesmo seus objetivos, valores, opiniões, carreiras ou amigos.
É comum histórico de infância com relações abusivas, violência física, sexual ou moral, histórico de abandono, cuidadores com abuso de substâncias, entre outras dificuldades. Na adolescência é comum nas primeiras relações de amizades e relacionamentos amoroso que comecem a apresentar esse padrão de sentimento de desvalorização, medo intenso de abandono e manipulação emocional. Os pacientes com o transtorno também costumam ter maior tendência ao abuso de substâncias, além de outras comorbidades associadas como ansiedade e depressão.
Se você identificou esse padrão em você ou em alguém próximo, procure por tratamento especializado em saúde mental, especialmente por psicoterapia. Estudos comprovam que o tratamento psicoterápico é mais efetivo ao longo prazo do que os tratamentos medicamentosos quando tratamos de transtorno borderline. Em casos de sintomas depressivos, ideação suicida ou sofrimento mais grave, busque por atendimento médico adequado. Não deixe de buscar ajuda. Existem tratamentos efetivos para os sintomas e os sentimentos podem ter alívio levando a uma melhor qualidade de vida.
Por Giovana E. Ribeiro