Dra. Giovana Ribeiro

não é verdade. Em estágios mais graves, isso pode acontecer, mas, geralmente, pessoas deprimidas continuam realizando suas atividades do dia a dia, mesmo com prejuízo e sofrimento emocional intenso.

     Existem formas de depressão onde o(a), mesmo estando deprimida, responde bem aos estímulos que acontecem ao seu redor e pode genuinamente se sentir feliz e leve por alguns instantes. Isso pode levar a falas preconceituosas como "ah, para ir para uma festa está bem, mas para trabalhar, não".  Mas acredite, mesmo que a pessoa aparente “estar bem” ela(e) pode sim estar em grande sofrimento e essa doença ainda pode causar grandes prejuízos em sua vida.

     Medo e baixa autoestima costumam estar envolvidos nos episódios depressivos. Mas, para além da área afetiva, o transtorno também afeta a cognição, o que pode provocar sintomas como dificuldade de concentração e de memória recente. Além disso, não podemos esquecer dos sintomas físicos que podem acompanhar, como alterações no apetite e no sono, aumento do cansaço, dores pelo corpo e outros. Insônia e fadiga frequentemente acompanham os pacientes. A tristeza intensa geralmente é acompanhada por sentimento de culpa e/ou sentimento de menos valia/baixa autoestima. Alguns outros sintomas comuns de transtornos depressivos são:​

• mudanças no apetite ou peso (pode ocorrer tanto o aumento quanto a diminuição do apetite e do peso);

• aumento ou diminuição do sono (insônia ou sonolência excessiva);

• despertar matinal precoce;

• diminuição de energia;

• fadiga;

• preguiça e/ou procrastinação crônica;

• sentimentos de desvalia ou culpa constantes;

• dificuldade para pensar e concentrar-se;

• dificuldade para tomar decisões;

• culpa excessiva (sentimento permanente de culpa e inutilidade);

• alteração da libido (pode ser aumento ou redução);

• pensamentos de morte ou ideação suicida podem ocorrer;

• planos ou tentativas de suicídio podem ocorrer.

     Não podemos esquecer que a depressão bipolar existe e que ela pode acontecer tanto em indivíduos com ou sem diagnóstico prévio de TAB (Transtorno Afetivo Bipolar). Nesses casos, os pacientes alternam entre o estado depressivo e estados de mania e/ou hipomania, mas é comum o quadro de TAB inicial se apresentar como um episódio depressivo (geralmente, refratário aos tratamentos com anti-depressivos convencionais).  ​Nesses casos, episódios depressivos se alternam com estágios de mania ou hipomania são estados de humor que se caracterizam por:

• agitação em excesso;

• pouca quantidade ou necessidade de sono;

• sensação de grandeza e superioridade;

• impulsividade;

• gastos exagerados;

• irresponsabilidade;

• consumo abusivo de substâncias;

• relações sexuais libido excessivas;

• entre outros;​

     É esse quadro de mania confundir ainda mais familiares amigos e pessoas ao redor do paciente, facilitando com que sua fase depressiva passe despercebida. E o mais complicado é que estados depressivos da depressão bipolar costumam ser mais graves do que quadros de depressão maior. E, todo paciente com TAB sem tratamento, após um estado de mania  acaba caindo em estado depressivo novamente (e esse ciclo pode se perdurar por uma vida toda se não identificado por um bom profissional de saúde).​

     Atualmente existem tratamentos incríveis para depressão, tanto medicamentosos quanto tratamentos psicoterápicos, que proporcionam ótimos resultados no e no alívio dos sintomas da doença. E vale lembrar que não, os antidepressivos não causam dependência química!

     Não perca a esperança em você mesmo ou naquele(a) que você ama. Se você se identifica com os sintomas descritos, procure ajuda de uma profissional de saúde. Se tem alguém próximo que você identificou os sintomas, fique por perto. Depressão tem cura. Procure ajuda.