top of page

TEMAS MÉDICOS

A influência da romantização da maternidade no desenvolvimento da depressão pós-parto

On 07 Ago, 2024

IMG_1384 (1)_edited.jpg

Durante pesquisas sobre o tema, percebo que a maioria dos estudos, matérias e semelhantes sobre depressão pós-parto, abordam mais sobre as repercussões que a depressão materna causam na criança, do que sobre as repercussões na própria mulher, que sofre com a doença. Parece que o mundo ainda não aprendeu a olhar pela perspectiva da mulher e da mãe. 

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a prevalência de Depressão Pós-Parto em países como o Brasil é de 19,8%, mas, segundo uma pesquisa Britânica (2023), a depressão acomete até 25% das mães brasileiras no período que compõe os seis primeiros meses após o nascimento. 

    A depressão pós-parto consiste em sintomas depressivos que duram por duas semanas ou mais. Geralmente, se iniciam entre a quarta e a oitava semana de puerpério, às vezes mais tarde, mas ainda dentro do primeiro ano, e podem persistir por mais de um ano. Especialistas afirmam que o termo ideal para uso é de depressão perinatal, uma vez que para algumas mulheres, os sintomas depressivos podem se iniciar até mesmo durante a gestação.  Ter tido depressão previamente é o maior risco. Mudanças hormonais durante o puerpério, privação do sono e suscetibilidade genética podem contribuir para a evolução do quadro.​ Outros fatores de risco para o aparecimento da depressãoão:

  • gestação não desejada;

  • diagnóstico anterior de depressão pós-parto;

  • diagnóstico anterior de depressão;

  • histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais;

​A verdade é que a romantização da maternidade colabora bastante com o desenvolvimento do transtorno depressivo materno. Por causa de fatores culturais e sociais, as mulheres tendem a não falar abertamente sobre os sintomas de depressão. Em relatos da maioria delas, existe uma enorme sensação de culpa - culpa por não  estarem felizes nesse momento. Culpa por não estarem bem nesse momento tão romantizado. Culpa por estar se sentindo assim, nesse momento em que todos disseram que deveria ser muito feliz. Culpa por não estarem bem. Culpa por estarem doentes. E culpa por não se acharem boas mães por isso.  

    O resultado é que a maioria das mulheres em depressão pós-parto não procuram ajuda ou tratamento. Elas sofrem em silêncio. Apenas 18% das mulheres que sofrem com depressão na gestação e no pós-parto, procuram por tratamento.

  • estressores significativos (conflitos conjugais, eventos estressantes nos últimos meses, dificuldades financeiras);

  • falta de suporte emocional do parceiro ou familiares;

  • falta de suporte financeiro do parceiro ou familiares;

  • falta de parceiro ou rede de apoio para os cuidados da criança;

  • parceiro com depressão ou abuso de substâncias;

  • desfechos obstétricos complicados (parto prematuro, recém-nascido com complicação ou internação);

  • dificuldades com aleitamento;

  • e outros.

     Existem alguns fatores que evitam o aparecimento da doença, o que são chamados de fatores de proteção.  A principal evidência é que, mães com uma boa rede de suporte têm menos chance de desenvolver depressão pós parto. Outros fatores que protegem da depressão são: apoio de outra mulher, detecção precoce da depressão, suporte social, boa relação conjugal e suporte emocional do companheiro, estabilidade socioeconômica, sistema de apoio familiar, apoio psicológico (no pré-natal e no puerpério).

    Alguns sinais e sintomas que devemos estar atentos(as) em gestante se puérperas são:

  • perda de interesse e prazer;

  • insônia ou aumento do sono (hipersônia);

  • tristeza extrema;

  • oscilações de humor intensas;

  • choro incontrolável;

  • perda de apetite ou comer em excesso;

  • irritabilidade ou raiva extrema;

  • preocupações extremas e irrealistas sobre o bebê;

  • sensação intensa de ser incapaz de cuidar do recém-nascido ou de não ser adequada para o papel de mãe;

  • medo extremo em machucar o bebê;

  • culpa extrema em relação aos próprios sentimentos;

  • pensamentos suicidas;

  • ansiedade ou ataques de pânico;

  • cefaleias e/ou dores no corpo;

  • sintomas psicóticos; 

  • e outros.

    O diagnóstico precoce e o tratamento da depressão perinatal podem melhorar muito os resultados tanto da saúde materna quanto da criança. É importante que, além dos profissionais de saúde, todo mundo que esteja ao redor tenha uma escuta ativa dessas mulheres durante esse período. Se você tem alguém próxima que está no período perinatal, fique por perto - pergunte ativamente sobre seus sentimentos, seu humor e seus pensamentos. Proponha uma comunicação aberta e sem julgamentos. Escute-a com atenção. Pode fazer toda a diferença! Aos parceiros de mulheres durante esse período, fiquem próximos e fiquem atentos. É recomendada a terapia de casal ou de família durante esse período.

     Se você se identificou com os sintomas, por favor busque ajuda de algum profissional de saúde. A doença pode se agravar sem tratamento e os desfechos podem ser muito ruins. Procure ajuda. Não precisa sofrer sozinha.

Por Giovana E. Ribeiro

© 2024 por Isabela Lopes.

bottom of page