top of page

@giovanaeribeiro

CANNABIS E SAÚDE

Por que Cannabis Medicinal?

On 14 Mai, 2024

marijuana-leaves-cannabis-beautiful-background_edited.jpg

     As principais indicações atuais para potencial tratamento com Cannabis Medicinal são:

  • Dor (incluindo enxaqueca refratária, dor causada pela disfunção da articulação (ATM), por causa oncológica, entre outras);

  • Fibromialgia;

  • Artrite Reumatoide;

  • Transtorno da ansiedade generalizada (TAG);

  • Transtorno depressivo;

  • Transtorno do pânico;

  • Distúrbios do sono e insônia;

  • Esclerose múltipla (alívio nos sintomas de espasticidade e dor crônica);

  • Doença de Alzheimer (alívio de sintomas e melhora da qualidade de vida);

  • Doença de Parkinson (alívio de sintomas e melhora da qualidade de vida);

  • Dependência química (alívio da ansiedade e fissura);

  • Comorbidades associadas ao Transtorno do Espectro Autista;

  • Esquizofrenia;

  • Epilepsia refratária;

  • Doenças inflamatórias intestinais (Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa);

  • Psoríase e outros distúrbios autoimunes;

  • Dores e sintomas associados ao câncer;

  • Outras.

      Na minha prática clínica, vejo a Cannabis como importante arma terapêutica para melhora da qualidade de vida e funcionalidade dos meus pacientes, seja ela usada isoladamente ou como coadjuvante de outras medicações. Existem vários perfis de pessoas que procuram pelo tratamento com Cannabis.​ Existem pessoas que chegam com queixa de sofrimento psíquico, ou seja, com sintomas de ansiedade e apreensão constante sobre o futuro. Outras, com sintomas depressivos como apatia pela vida, dificuldade de sentir prazer, dificuldade para dormir, de comer e entre outros. Alguns desses pacientes já fazem uso de medicações contínuas, a maioria da classe dos antidepressivos e ansiolíticos. Para essas pessoas, a Cannabis pode ser importante coadjuvante e potencializador dessas outras medicações tradicionais e proporcionar maior alívio dos sintomas - principalmente o uso do CBD principalmente tende à melhora dos pensamentos acelerados, dos sintomas de pânico e taquicardia, dificuldade na indução e manutenção de sono, entre outros.​

     Também existem pacientes que já tentaram usar medicações tradicionais previamente, mas que não toleraram os efeitos colaterais ou não tiveram boa resposta terapêutica. Além disso, existem pessoas que realmente não querem iniciar tratamento com remédios controlados, e tudo bem, saiba que se você for essa pessoa, você tem autonomia para decidir isso! Por exemplo, alguns pacientes me contam que não tem vontade de usar medicações que foram prescritas anteriormente por outros médicos, seja por medo, crenças, cultura ou outras causas. Se for o seu caso, o uso de fitoterápicos como a Cannabis pode ser uma boa opção para início do seu tratamento. E claro, tudo isso melhora muito se feito com acompanhamento próximo e se criado um bom vínculo com seu médico(a).​ O que quero dizer é que em casos leves de sofrimento psíquico, iniciar o tratamento com a Cannabis e avaliar a progressão dos sintomas pode ser um bom caminho! Mas, é clar,o que devemos ficar atentos em casos de doenças ou sintomas graves e/ou instáveis, pois nesses casos o tratamento com outras medicações será indicado prioritariamente!​

     Outro grupo de pessoas que chegam até mim são portadoras de doenças crônicas, algumas até com diagnóstico de incurável ou intratável. A grande maioria desses pacientes, já utilizaram várias, se não todas, as medicações disponíveis em farmácias tradicionais, seja em âmbito particular ou público. E mesmo com várias medicações, não conseguiram ter boas respostas clínicas ou não toleraram os efeitos colaterais. Essas pessoas também podem ter grandes benefícios no tratamento com Cannabis medicinal e seus fitocanabinoides envolvidos.​

     Muitas dessas pessoas que buscam pela Cannabis sofrem com dores crônicas, que variam de quadros leves até intensos e incapacitantes. Eu mesma já sofri por uma dor crônica durante uns 4 ou 5 anos na minha vida e foi só uma terapia alternativa que me curou (e  pasmem, não foi a Cannabis!). Mas, antes de melhorar, eu já convivia com essa dor fazia tempo e eu já tinha tentado de tudo, desde analgésicos  e anti-inflamatórios de todos os tipos, corticoide em doses altas, cheguei a fazer até eletrochoque. ​ É insuportável viver com dor. Tira a paz, tira a alegria e tira a vida da gente. Eu sei disso. Eu me importo com a sua dor e estou disposta a usar todos meus conhecimentos para te dar o melhor tratamento que eu conhecer. Mas infelizmente, as dores não são bem valorizadas por todos os médicos. Quantos pacientes que sofrem com dores há anos, que eu vejo pulando de médico em médico, de encaminhamento para encaminhamento. Muitos com dores de causas ortopédicas como hérnia discal, osteoartrose, síndrome do carpo… Além desses, inúmeras pessoas que sofrem intensas dores devido distúrbios auto-imunes como artrite reumatoide, fibromialgia e outras. 

       Tanto no sistema particular quanto no público (mas ainda com menor disponibilidade no público), as medicações para tratamento de dor crônica disponíveis na farmácia, vão de analgésicos simples (dipirona e paracetamol) para benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos, morfina e seus derivados. Você consegue enxergar o GAP entre essas drogas? Quero dizer, vamos dos analgésicos simples e anti-inflamatórios para drogas que são passíveis de adição e dependência química, além de serem importantes causadoras de quedas, fraturas e lesões importantes em idosos, aumentando a morbimortalidade dessa população.​ Outro problema é que depois de algum tempo de uso dos analgésicos comuns, os pacientes tendem a criarem tolerância à essas medicações e eu escuto bastante "dra dipirona é que nem água pra mim". Chega um momento em que os analgésicos simples não fazem mais efeito nesses pacientes devido a tolerância desenvolvida. Então essas pessoas vão ficando com dores cada vez mais intensas e aumentando o processo inflamatório e prolongando o período ativo da doença. E essas pessoas sofrem muito. 

      Ao avaliar o risco e o benefício de tratamentos com medicações com potencial sedativo e com alto potencial de abuso… É complicado e essa avaliação pode ser bem subjetiva! Para pacientes com insônia e distúrbios do sono, a história não é muito diferente. Florais e antialérgicos nem sempre dão conta do recado para ajudar uma insônia circunstancial ou episódica. Mas será que haverá benefício em introduzir o benzodiazepínico ou o tricíclico na vida desses (dessas) pacientes? No meu dia a dia como médica, eu acho bem complicado essa distinção e vejo que tem um “buraco” importante a ser considerado entre as classes de remédios disponíveis tradicionalmente. Eu vejo a Cannabis uma potente arma para cobrir o que eu chamo desse GAP, uma vez que a Cannabis é um fitoterápico com enorme potencial terapêutico, com menos efeitos colaterais e traz menos riscos para essas pessoas. Quando utilizada de forma controlada e assistida, a cannabis pode levar a melhora importante dos sintomas e da qualidade de vida das pessoas que sofrem com dores e/ou distúrbios do sono. A Cannabis não leva a efeitos colaterais tão graves quanto os causados pelos benzodiazepínicos e triciclícos. Além disso, não há risco de dependência, e o tratamento pode e deve ser cessado quando recomendado.

       Outras pessoas que procuram tratamentos alternativos, são aquelas as quais não existem tratamento ou remédio específico para sua condição. Um exemplo são pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que muito comumente queixam-se da não adaptação com as medicações usadas anteriormente e/ou intolerância aos seus efeitos colaterais. E na maioria desses casos, tratam-se de crianças. Quando falamos sobre TEA ou outras situações de neurodivergências que podem levar a sintomas como: agitação, agressividade, dificuldade do foco e da atenção e seletividade alimentar, o tratamento com a Cannabis Medicinal pode e deve apresentar melhora dessas questões.

     Por fim, pessoas que sofrem com doenças degenerativas, com destaque a Doença de Alzheimer e Doença de Parkinson também podem ter benefício com tratamento à base de cannabis. A Cannabis tem potencial de causar melhora da agitação, da ansiedade, melhora em desafios cognitivos (atenção, foco e memória) e é capaz de trazer maior funcionalidade e qualidade de vida, tanto para o paciente quanto para o(s) seu(s) cuidador(es). Também nesses casos, estudam relatam melhora da “síndrome do por do sol” com o tratamento à base de Cannabis - esse refere-se ao horário de maior agitação que esses pacientes tendem a ter com o anoitecer, e pode trazer melhora significativa tamb;em no número de internações de idosos que convivem com essas condições. Os principais relatos tratam-se de ganhos de função desses pacientes, com consequente melhora na qualidade de vida dele(a) e também do cuidador(a).

     *Vale lembrar que esses tratamentos devem ser idealmente associados a atividades físicas, alimentação balanceada e terapia regularmente.

Por Giovana E. Ribeiro

© 2024 por Isabela Lopes.

bottom of page