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TEMAS MÉDICOS
Posso tomar Venvanse?
On 02 Jul, 2024
O Venvanse é o nome comercial do composto da lisdexanfetamina que é um tipo de anfetamina. O medicamento é indicado e usado especificamente para o tratamento de TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). Nesses casos, há melhora na qualidade de vida, melhora do foco e da atenção, da organização e redução da procrastinação nesses pacientes (podendo funcionar também para controle de compulsão alimentar). Mas, toda medicação tem seus efeitos colaterais, e essa, por ser do grupo das anfetaminas, se usada de forma indiscriminada ou negligente, esses efeitos se tornam mais perceptíveis e mais graves.
Muitas pessoas têm usado o venvanse sem prescrição médica adequada, normalmente, com objetivo de melhora do desempenho, seja no trabalho, nos estudos, nas atividades físicas ou na rotina. Assim, as anfetaminas têm sido alvo de extenso uso abusivo. A demanda pelo medicamento tem sido tão alta que em períodos de vestibulares e concursos, a medicação fica em falta nas farmácias.
O venvanse tornou-se um "dopping" para lidarmos com a pressão constante da produtividade. A medicação é uma anfetamina potente que estimula o sistema nervoso central. Logo, existem alguns efeitos adversos importantes que podem ser graves, principalmente em pessoas que não têm TDAH mas usam a substância para outras finalidades. Esses efeitos e sintomas se agravam de acordo com a quantidade e tempo de uso. Alguns dos efeitos colaterais são: aumento de sintomas de ansiedade, inquietação, agressividade e irritabilidade, insônia, eolução ou piora de quadros depressivos (principalmente ao cessar o uso), hiperfoco e pensamentos obsessivos, nervosismo e inquietação, variações diversas de humor, euforia e mania (principalmente durante o uso), viradas maníacas em paciente com transtorno bipolar (sendo esse diagnóstico conhecido previamente ou não), episódios psicóticos. problemas de pele (erupções), tremores, tonturas, náuseas, falta de ar, desencadear tiques e síndrome de Tourette, mexer e machucar a pele e outros.
Todo tipo de anfetamina pode causar alterações psiquiátricas, comportamentais e de personalidade e até induzir uma crise psicótica. As manifestações de intoxicação crônica podem incluir insônia acentuada, irritabilidade, hiperatividade e mudanças de personalidade. A manifestação mais grave de intoxicação crônica é psicose que em geral não é diferenciada clinicamente da esquizofrenia.
Há risco de dependência, tanto química quanto psicológica do venvanse. Tolerância, dependência psicológica extrema e incapacidade social grave podem correr. Há relatos de pacientes que aumentaram a dose muito acima do recomendado, isso porque, com o uso constante, há aumento da tolerância do organismo à medicação e há necessidade de aumento da dose para sentir o efeito desejado.
Após uso prolongado, a interrupção do uso pode levar a sintomas de abstinência e humor deprimido. A interrupção abrupta após administração prolongada de dose alta resulta em fadiga extrema e depressão mental e alterações no eletroencéfalograma (EEG) durante o sono também são observadas.
Além de tudo, outros alertas sobre uso indevido de anfetaminas é que elas podem causar morte súbita e eventos cardiovasculares graves. As anfetaminas aumentam o risco de problemas graves como infarto, AVC, morte súbita, especialmente em pessoas com histórico familiar de problemas cardiovasculares ou já tem algum tipo de problema nessa área. Por esse motivo, não deve ser usado por pessoas com doenças no coração, aterosclerose, hipertensão, hipertireoidismo, glaucoma, ansiedade, tensão, agitação, epilepsia e outros.
A interação com o álcool é negativa e o uso concomitante pode ter repercussões graves, isso porque o álcool age com maior intensidade no sistema nervoso central quando associado ao Venvanse, resultando em intoxicação mais rápida e mais intensa.
Por isso, é necessário o acompanhamento e indicação médica adequada para o uso da medicação. O uso deverá ser feito com cautela, não sendo recomendado uso indiscriminado. Não coloque sua saúde em risco.
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- Nos dias que eu usava, eu me sentia ótima. Em nenhum momento durante o uso eu me lembro de me sentir mal. Eu me sentia muito bem de verdade. Mais animada e energizada para fazer as coisas. Mais estimulada pra atender, ler e escrever. Com pensamentos mais rápidos também. Me sentia sem sono. Sem fome. Me lembro muito de um dia, no caminho do trabalho pra casa, eu me sentia tão feliz. Tudo parecia bonito e o mundo era bom. Eu tinha tido um dia bom, voltava para casa feliz e olhando as pessoas do metrô ao meu redor, achava todo mundo bonito e interessante. Eu me sentia bem com os outros e comigo mesma. Eu descreveria uma sensação parecida com o dia seguinte em que você conheceu uma pessoa interessante e sente aquele início de paixão sabe? Aquele friozinho na barriga, o mundo ao redor fica bonito e alegre. Uma sensação de euforia mesmo. Mas, depois que eu parei de usar a medicação, as coisas não ficaram tão bonitas assim. Na verdade, o mundo perdeu bastante a cor nos meses seguintes. Não acuso só o venvanse, tiveram muitos fatores na minha vida na época que ajudaram aos próximos sintomas eu tive. Mas quase sempre é assim, vários fatores que se acumulam e se tornam uma doença só…. Depois que eu parei de tomar o venvanse, começaram as crises de pânico. Eu nunca tinha tido nenhuma crise na vida, até os 20 e tantos anos. E que ruim que é. Crise de angústia, taquicardia e falta de ar. E essas se alternavam com períodos de tristeza profunda. Dias se tornaram semanas, semanas se tornaram meses, meses que eu senti tristeza e apatia pela vida. Falta de apetite. Falta de fome. Falta de energia. Falta de alegria. Falta de vida. Falta da lisdexanfetamina. Eu não deixo de me responsabilizar sobre o que eu fiz comigo mesma. Eu tentei ser uma máquina que eu não sou. Eu sou uma pessoa. Eu sou humana. Eu preciso sentir fome, cansaço, sono e até desânimo e tristeza se necessário. Não existe remédio que vai te transformar em um robô.
_____ (anônimo)
Por Giovana E. Ribeiro